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quinta-feira, 3 de julho de 2008

Pra passar o tempo

E já faz três dias que não nos falamos. Incrível como consegui deixar todo esse tempo passar. Em outras eras, depois da primeira hora sem resposta eu já estaria bombardeando o celular do cara. Bom mesmo é o tempo. Que voa quando se está junto. Que passa sem eu querer ver pra não ter que justificar atrasos nos primeiros encontros. Que não passa quando eu acordo cedo e sei que, para vê-lo, terei que primeiro esperar ele acordar, lá pelo meio da tarde, para começar o expediente no final dela e só conseguir ver a figura depois das duas da matina e bêbado, porque o filhodaputa tem o costume de tomar uma com os amigos depois do trabalho, e quem vai ser a chatinha que vai dar chilique por um costume tão bacana, afinal de contas?

Já fazia algum tempo que eu não gostava tão rápido de alguém. É que eu sou muito cheia de implicâncias; o último que tentou se aproximar eu gonguei porque quis dançar flamenco, e muito mal, pra mim, no meio de uma pista cheia de gente, e com meus amigos me olhando com aquela cara de “e aí?”. Daí pediu, né?

Pois é. Dá até uma certa vergonha admitir, mas o meu interesse simplesmente MORRE nos gestos mais estapafúrdios. Uma coçada de cabeça, um jeito de pegar a roupa caída pelo chão do quarto, uma pegação insistente no saco, uma risada que não tem a menor graça, uma dançadinha descoordenada... essa lista poderia ir longe... Isso tudo acaba com meu tesão. Tenho preguiça das pessoas muito rápido.

Ou eu gosto de uma vez ou não tem jeito. Venho de algumas tentativas, porque eu sempre procuro ser positiva e mudar minhas idiossincrasias mais idiossincráticas, mas já vi que não dá.

Daí vou gostar de um português, uma nacionalidade totalmente varrida da minha mente, por vários motivos. E eu nem sou das que dizem que não gostam sem provar (papai ficaria muito feliz em me ouvir dizendo isso)! Mas, sim, eu já cheguei numa altura da minha vida em que passo ao largo de algumas nacionalidades. Italianos e jamaicanos, por exemplo, só se não tiver saída! (Explico que não sou racista: são apenas conflitos culturais, dos quais eu aprendi a me poupar.)

O que mais me atraiu nele foi o fato de falarmos a mesma língua e ele não ser brasuca. Achei ele lindo, durante os flertes, e depois exótico, como se fosse tailandês. Química perfeita com uma cereja bem apetitosa na ponta. O resto foi muito bem, obrigada, e foi indo, indo, indo, numa marezinha tão gostosa que eu não queria que baixasse tão cedo.

Não sei se estava ou estou apaixonada. Aprendi a manter uma calma maravilhosa em momentos turbulentos, então agora estou aqui, Ser Superior, procurando relativizar as coisas com meu coração, mas, sim, desabafando sobre ele. Sem vontade de ligar, juro. Posso até esperar mais uma semana, creio, pelo andar da carruagem da minha histeria sentimental. Mas estou escrevendo sobre ele. O cretino pode até não valer nada, já que também não o conheço tanto assim, mas pra mim valeu a pena. O sentimento que ele despertou em mim, com aquelas poses de machão manjadas e bem ridículas, mas que eu me pegava olhando quase enfeitiçada. Achando tudo lindo, como diz um amigo meu.

Será que meu mal foi dizer mais do que o necessário que eu sentia saudades dele, só pela graça da palavra? Saudade que nós dois entendemos, numa multidão de gringos bestas-alegres, perambulantes pelas ruas festivas de Barcelona, no verão. Admito que me empolgo rápido, e quem paga o pato desse exagero ao expressar meus sentimentos sou eu mesma. Seja porque assusto ou porque apaixono. Ai, que agonia gostar de alguém!

Fico sempre buscando uma explicação pras coisas. Até para relevar vacilos dos outros, porque tenho o costume, pra tudo na vida, de me perguntar como seria tal coisa se acontecesse comigo. Mas ainda não entendi porque ele não me ligou mais, quando pra mim eu é que tive motivos pra me chatear. Parece que foi de propósito: faça qualquer coisa, menos isso, daí a anta vai e faz justamente aquilo. Que não custa absolutamente nada evitar. E depois ainda tem o desplante de sumir! É muito abuso, francamente.

O tempo passar é bom. Com muitas cicatrizes amorosas gravadas no peito, sei bem que o tempo resolve todas as coisas. Pra eu resolver na minha cabeça o que esse cara é, de verdade, pra mim. Pra eu poder me colocar nas mais diferentes perspectivas. Pra quando eu encher o saco dessa frescura, resolver se apago da memória, se ligo pra saber o que aconteceu (acho digno tomar conhecimento do outro lado da história) ou se vou no bar que ele freqüenta pra mandá-lo à merda, bem bêbada e despeitada.

No final, nem sei se é ele ou essa porra de adrenalina na qual eu comecei a me viciar. Tem coisa mais maravilhosa que poder gostar de alguém, meu Deus?

Um comentário:

Pat disse...

Coração descompassado: eba! Vez por outra penso que um princípio de infarto seria bom, sabe? Como se apaixonar a primeira vista talvez...