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sexta-feira, 30 de maio de 2008

X ou Y

Viu um casal na rua e decidiu que queria ter um relacionamento. Um estado de espírito que correspondesse a mais de um. De uma hora pra outra saíram uns hormônios, umas ganas de não passar tanto tempo só, envolvido com seus próprios botões.

Então sentiu vontade de dar amor. E receber. E andar de mão dada, e ir ao cinema, e passar dias juntos, e transar sempre que desse tesão.

Queria cuidar de alguém, dar atenção, carinho, sentir muita paixão, algum ciuminho bobo e muita saudade, ainda que de poucas horas. Decidir programas junto, dar satisfações, esperar pra comer, combinar encontros que se tornam as melhores horas do dia.

Sabia bem que o amor não é aquela coisa linda, romântica, cheia de ohs e ahs e cor-de-rosa. Que é, antes de tudo, comprometimento e responsabilidade. Que quem sente acha uma delícia, um deleite ter. Sentir-se ligado a alguém. Com toda a liberdade do mundo, e exatamente por causa disso, você escolhe dividir sua intimidade com X. Ou Y.

Porque intimidade é tudo. Promiscuidade de sentimentos, vários, hábitos, diferentes, atos e reflexos, complementares e contraditórios. Intimidade é tesão. Carne crua. Sangue frio e quente. Fígado. Corazón.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Tradução feita comédia

Não costumo usar tradutores online, mas talvez devesse mais. Matéria publicada ontem, no Globo Online, testou a eficiência do recurso. Com o processo de re-checagem do resultado, ou seja, revertendo a ordem da tradução, o texto costuma sair sem pé nem cabeça. Hilário!

O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 335 - Escrito em: 1998-01-21 - Publicado em: 1998-01-26


Nadando de costas


A grande bossa agora nessas search engines que tanto facilitam nossa vida na Web, são os serviços de tradução gratuita. O AltaVista, por exemplo, aliou-se à empresa SysTran e está oferecendo tradução grátis de páginas Web ou de pequenos textos. Visite o site e comprove que um texto em português, espanhol, italiano, francês ou alemão pode ser traduzido de/para o inglês. Sem dúvida alguma é u'a mão na roda, pois dá para se ter uma idéia do contexto da página traduzida. A cada busca que se faz no AltaVista aparece um link "Translate" para todos os URLs encontrados. É só clicar e entra a página da SysTran, permitindo a tradução no ato. Entretanto, se quiser traduzir texto grande terá que picotá-lo, pois eles não são bobos e limitaram a brincadeira.

Quem visita a página da SysTran até se impressiona com as coisas ditas sobre o software. Segundo eles, trata-se de um MT (machine translator) totalmente automático, baseado em uma arquitetura unificada e altamente modular que se aplica a todos os pares de idiomas. O resultado é (deveria ser?) uma representação interna da estrutura da linguagem original, gerando informações de tradução que são formalmente idênticas, não importando quais idiomas estão envolvidos. Os dicionários da SysTran têm mais de 2,5 milhões de termos. Ainda segundo a empresa, o renome da SysTran no meio profissional é reconhecido de imediato pela precisão e riqueza de seus dicionários, fruto de 25 anos de refinamento e pesquisa.

A leitora, disso eu sei muito bem, não é boba e vai querer experimentar o bicho à vera. Para submeter o programa a um teste preliminar, basta pegar uma frase simples em português, traduzí-la para o inglês e depois traduzir de volta para o nosso querido português. Experimente com: "O dia está fresco", e verá que a tradução parece ser boa, bidirecionalmente falando. Insatisfeito porém, eu quis testar o danado prá valer e saí digitando o seguinte texto, bem mais longo:

"Melhor que passear pela Web é ficar largado feito sapo, relaxado numa praça, junto da sua gata, primeiro lendo jornal e depois, cartas espalhadas à mesa, jogando buraco e fedorento, comendo baba de moça, chupando sorvete de lima e cercado de infantes brincalhões. Os pequenos livres soltando pipa, girando pião, brincando de pique, jogando bola de gude e bebendo suco de manga gelado, numa manhã domingueira bem preguiçosa e sem o menor agito".

Nem os milhões de termos dos dicionários do SysTran deram conta do recado, e o software traduziu para o inglês assim:

"Better that to take a walk for the Web it is to be released done frog, relaxed in a square, next to its good-looking, first reading periodical and later, letters spread to the table, playing stinking hole and, eating young woman dribble, absorbing surrounded ice cream of rasp and of joking infants. Small the free ones freeing pipe, turning pi6ao, playing of puncture, playing marble game ball and drinking frozen sleeve juice, in one morning domingueira well sluggish and without the minor I agitate".

Mas a grande surpresa me estava reservada para o final. Voltando para o português, o tradutor entregou-me a seguinte pérola:

"Melhore isso para fazer exame de uma caminhada para a correia fotorreceptora que deve ser râ feita liberada, relaxada em um quadrado, ao lado de seus periodical da leitura e mais tarde, letras bem parecidos, primeiros espalhadas à tabela, jogando o furo tresandando e, comendo o dribble novo da mulher, absorvendo o creme de gelo cercado da grosa e de infantes gracejando. Os livres o pequenos tubulação livrando, pião de giro, jogar da punctura, jogando a esfera de mármore do jogo e suco congelado beber da luva, em um poço do domingueira da manhã lento e sem o menor eu agito".

Nota-se logo que não dá para sair confiando cegamente nessa poderosa ferramenta de tradução. Portanto use-a com moderação e lembre-se: "In river that has piranha, alligator nothing of coasts". Ou seja: "Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas".


quinta-feira, 15 de maio de 2008

We all luv Soca!

Garota H e seus problemas

"Feuchtgebiete", ou lugares úmidos, é o nome do último livro que li. A autora, Charlotte Roche, é uma inglesa criada na Alemanha, mulher interessantíssima, que eu até então só conhecia como VJ. Esse é seu primeiro livro.

Radical, pra não dizer revolucionário. Helen, uma menina de 18 anos, é internada para se operar das hemorróidas. Feridas por causa de um deslize bem no meio do Sexytime. A história toda se passa no hospital, quase todo na cama, onde ela passa o dia entretendo-se com seus planinhos pueris para reaproximar papi e mami, vendo crescer suas sementes de avocado (mais bonito que abacate, sorry) plantadas no miolo da Bíblia, provocando sem dó o pobre enfermeiro Robin, destilando sua finíssima ironia para todos os lados e rememorando sua curta, mas abrangente vida sexual. Alguns tópicos:

Como é uma hemorróida em seus menores detalhes, e tudo para deixar a "roseta" ainda mais atraente;

Raspadinhas ou peludinhas (a dois, please);

Fluidos, secreções e excrementos antes, depois e na hora H (há de um tudo. mesmo.);

Quem merece e quem não merece fondue sabor "chocolate natural";

Gozo seco, a jato, por dentro, ao redor, chicletinho de esperma (genial);

Melecas, remelas e comidas recolhidas do chão diretamente para a boca (honesto);

Por que tampões feitos de papel higiênico são melhores que OB ;

Sangue, sangue, sangue, oh, baby!;

Sangue seco engana (e a boba aqui sempre morreu de vergonha);

"Quero trocar meus mamilos marrom-avermelhados durinhos pelos mamilos rosados e suaves de minha melhor amiga";

Black pussy and the "others";

"Por que freqüento prostitutas";

Como maquiar sua punaany em três tempos (pendente de testes);

Incesto.

O livro foi alvo de muita polêmica na Alemanha. Não é pra menos. Vira do avesso conceitos e preconceitos sobre higiene com que todas nós, meninas, fomos criadas, e nos liberta de muitas culpas infundadas. Se o relato é ou não autobiográfico, isso parece secundário, perto da avalanche de pensamentos que surgiram em minha mente, já antes bem sujinha, ao longo de suas 220 páginas. Não sei se vai ser lançado no Brasil, mas tomara. Nunca achei que uma menina imaginária de 18 anos fosse capaz de virar minha cabeça desse jeito. Depois dela, minha vida fêmea não será a mesma.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Who's primavera?

Depois de um largo inverno – mais de seis meses, contando com o outono, que é uma balela; faz frio e pronto – voltei a me sentir uma pessoa normal. Como bom animal tropical que sou, estou aos poucos deixando casacos e polainas (me viciei nelas) no armário e me adiantando talvez un pelín nos shorts, costas nuas e havaianas.

Sou radicalmente simplista em relação às estações do ano. Típico de quem foi criado em terra onde chuva é considerada frio e sol é todo dia, com a bênção de Deus. Só sei que o inverno passou e agora meu verão vai começar. And who the fuck is primavera?

A praia barcelonesa ressurgiu com força nesse último feriado, mas eu já tinha ido duas semanas antes. Eu e os turistas de países cujas línguas desconheço, mas que também são loucos por sol e vão anyway. Ia pra ficar feliz, me alegrar sozinha com areia, o mar e as pessoas em trajes mínimos. Faz falta na minha vida ver gente pelada.

Empolgada que sou, já entro no mar agora, quando a água ainda está gelada e a maioria ainda prefere fazer xixi nos banheiros de verdade. Não que eu só vá ao mar pra fazer xixi, mas eu adoro fazer na água, depois de tomar uma latinha de cerveja. Parece travessura de criança grande.

Pra quem é acostumado a praia brasuca ir à de Barcelona parece meio tramposo. Pero es lo que hay, e melhor isso que não ter nenhuma praia. Ideal mesmo é ir de bicicleta. É meio longe pra ir caminhando do centro, e o metrô também não chega muito perto. Tem o bicing, essas bicicletas públicas que você pega e deixa pelo caminho, mas o difícil é encontrar vaga, às duas da tarde, quando todo mundo já baixou naquelas areias poeirentas, mas grossas, o que é bom, porque assim gruda menos. O jeito é se jogar de metro e voltar pedalando, ou ir de bike direto, pela orla superturística, mas linda, cheia de gringos embasbacados com o fato de estarem na praia, em plena metrópole.

É incrível a brasilianização da praia de Barna. Ou pelo menos do trecho de água mais limpa, em Bogatell. Parece o Posto Nove. Só se escuta português, por todos os lados. Muita gente na orla, jogando frescobol. Poucos toplesses. Calções de banho decentes. E claro, brasileiro que não nega a raça fica de pé, conversando fiado em rodinhas com os amigos. Sociabilidade praiana for export.