Eu era daquelas pessoas que achava mais chique dizer que não gostava de Paris. Não era bem desgostar, mas sim cagar pra Cidade-Luz. Não estava nos MEUS planos ir a Paris.
Como não sou totalmente imune aos apelos da civilização, acabei indo há 7 anos, pela primeira vez, com um grupo de cinco amigas, em agosto. Leia-se, foi la fin de la piqué. Não recomendo pra ninguém. Como turista, passei por todas as piores situações possíveis juntas!
Voltei à Paris agora, com menos gente, outono. Entro no metrô, cheio, como em qualquer metrópole, pessoas de várias etnias. Olhando pela janela, por todo o caminho, do aeroporto Charles de Gaulle (Gigante! Tenho loucura por aeroportos imensos) até o centro da cidade, há graffiti. Alguns bonitos, outros feios, mas uma linguagem que eu reconheço em qualquer lugar. Começa uma leve simpatia por uma Paris bem distinta daquela de cartão-postal, de torre Eiffel e de suas filas intermináveis de turistas, e muito próxima do que me atrai.
Mas sou obrigada a admitir que, uma vez lá, é MUITO difícil fugir do roteirão-pra-gringo-ver. Paris não surgiu ontem, tem uma história de séculos, e isso é simplesmente o máximo! Quase tudo e praticamente todo mundo da civilização ocidental passou por lá. Paris surgiu no meio do rio Sena, em uma ilhazinha que começou a ser povoada por volta do ano 300! Hoje, a Île de la Cité é o centro centralíssimo da cidade, onde está, por exemplo, a catedral de Notre Dame. Juro que é impossível não se maravilhar com a beleza simples, mas imponente, daquelas torres brancas de arquitetura gótica, tão singelas e ao mesmo tempo tão sólidas, erguidas no século 14 (ainda em plena Idade Média).
Paris é fodona porque, tudo aquilo que a gente vê a vida inteira em imagens, e que formam o nosso imaginário sobre ela, corresponde a uma verdade ainda melhor do que esperamos encontrar. Paris ultrapassa o sentido de cidade, é quase humana, com suas idiossincrasias e caprichos. Respirar o ar daquela cidade tem, em todos os sentidos, um certo preço, e isso não sem motivo.
Ela é realemtente "all that": o desbunde dos Champs Elysées, do Arco do Triunfo, das vitrines Chanel (minhas preferidas), dos jardins de Luxemburgo e Tulherias, o Partenon, o Palácio do Eliseu, La Défense (Paris “moderna”, do quadradão vazado, uma passada de lindo), o Louvre-pai de todos, o Centro Georges Pompidou, xodó da cidade (Bubu!), a Sacre-Coeur (lembra o Taj Mahal), as incontáveis ruas, casas, cafés, ateliês, museus, universidades, consultórios por onde passou grande parte da intelectualidade e da arte ocidentais, e o lugar em que foram firmados os alicerces de nossos valores modernos e pós-modernos. Hoje em dia, Paris tem a força multicultural de um império, de passado colonialista, é bem verdade, mas que faz dela uma das capitais culturais do mundo,
A cidade é deslumbrante como a mais sedutora das mulheres. Extremamente feminina, elegante, simplesmente bela. Mesmo debaixo de neve, de chuva, ventania e frio de doer, ela te seduz, te envolve, e você a admira e releva tudo, todas as suas sacanagens climáticas, os preços absurdos, o mau-humor parisiense. Tudo é perfeitamente compreensível! Cada esquina te leva a um lugar mais lindo, mais surpreendente. Há lugares fantásticos pra se perder em Paris por pelo menos uns cinco anos. E, de toda a cidade, os telhados de cor entre preto acinzentado e azul-escuro são a minha lembrança arquitetônica mais forte. Aquele chapeuzinho dos edifícios é a marca registrada da minha Paris.
E como flertam os parisienses!... Uma coisa deliciosa, leve, natural... a cidade convida, pelo menos aqueles que têm tempo ou alma para ser flâneur (quem fez Estética com Denilson na UnB sabe)... dispensável comentar, disso todo mundo entende...
3 comentários:
amei! amei! amei! bom demais cherrie!
Confirmando o já dito: devias se jogar nessa de travel writer! E nessa que já se joga - viajar! E deixar a gente ficar viajando, assim, um pouquinho contigo.
Ao contrário de ti, sou status quo de dar dó, e sempre quis ver luz em Paris. Agora quero mais.
Nêga.... já estou com as malas prontas... deixe eu juntar um dinheirinho que já me mudo!!!
Márcio
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