Acabo de ver “Vicky Cristina Barcelona”, último trabalho de Woody Allen, com Scarlett Johansson, Penélope Cruz e Javier Bardem. Como adianta o título, a história se passa aqui em Barcelona, onde há pelo menos um ano todo mundo comenta sobre o filme. Bacana reconhecer a cidade na tela, ainda que ela tenha ficado um tantinho irreconhecível pros “populares”, como eu, que não comem em lugares caros, não têm grandes contatos no círculo das artes e muito menos casas-ateliês nas montanhas dos arredores.
Como sou muito fã de Allen, digo que achei o filme divertido. Simples, mas bem-feito, elenco afiado e bem dirigido, fotografia bastante luminosa, como a própria cidade em si. Sempre vale a pena ver o “cara”, mesmo quando ele trabalha “nas coxas”. Dizem as más línguas que Allen só veio filmar aqui porque recebeu uma boa grana pra isso (deixa só o César Maia saber!), mas para quê estragar o encanto da coisa, não é?
O filme é, basicamente, sobre histórias afetivas que se entrecruzam e as suas respectivas conseqüências para os participantes do “jogo”. Como cada um deles vivencia seus relacionamentos ,e até onde querem, ou podem ou suportam chegar em busca do que convencionamos chamar de amor.
Faço muito minhas as palavras da personagem de Scarlett, Cristina, que admite, sem medo de errar, que não sabe o que quer da vida, mas que sabe, muitíssimo bem, o que não quer.
Otimista inveterada que sou, acredito que já é um grande adianto saber o que não se quer. Pelo menos assim restringimos um pouco o espectro de tudo o que podemos obter da vida. Poupamo-nos de aborrecimentos, murros em pontas de facas, repetidas tentativas infrutiferas... mas, num certo sentido, continuamos sempre na mesma: pra onde, afinal de contas, queremos ir?
Semana passada recebi um email da minha mãe no qual ela questionava duramente minhas escolhas. Com um pouquinho de distanciamento, é facil saber porque ela não entende o que eu vim fazer aqui na Zoropa, passando frio, fome de melhores oportunidades de trabalho e necessidade de colo e carinho dos meus entes mais queridos. Claro que saudade de mãe vira logo um dramalhão exagerado, e que, num primeiro momento, sucumbi à autocomiseração – claro, eu também já chorei na frente do espelho, imaginando-me a mais sofredora das heroínas!
Só que depois, lendo e relendo o texto, caí em mim e reconheci que posso não saber muito ou mesmo nada sobre os rumos que estou tomando, mas que estou certa de que a vida que eu levava antes não me satisfazia.
Pode parecer pouco, ou loucura, ou capricho de quem sente o peso dos 30, mas quer ter 18 para sempre... mas resumindo a ópera, essa é a vida que eu escolhi levar, e não alguma trilha que apareceu no caminho e eu decidi seguir, por comodidade, por segurança, por teimosia, por medo, pra não ser muito “diferente” das filhas das amigas da minha mãe...
A possibilidade de que eu me perca, ou me arrependa, ou me sinta uma “eterna deslocada” sempre vai existir. Mas vivendo a vida do meu jeito eu nunca vou poder culpar ninguém pelos meus insucessos, o que acho muito digno. Não serei nunca uma vítima, pobre-coitada, refém das circunstâncias e da sociedade. Acho bastante difícil que, daqui a uns dez anos, eu chegue a pensar que fiz uma merda enorme saindo do “empregaço” que tinha até um ano e meio atrás. Não tem nada que me dê mais medo do que chegar a uma determinada altura da vida e me arrepender do que não fiz.
Podem me chamar de idealista, ou romântica, ou hedonista. Só sei que sem essa loucura pelas minhas poucas, mas conscientes escolhas, eu não seria quem sou hoje, complicada, difícil e irritante, mas certamente “senhora dos meus domínios", como já dizia meu mestre Seinfeld.
Um comentário:
vi o trailler desse filme semana passada quando fui ver "fatal" com a mesma Penelope Cruz.
fiquei interessada. e - afff - não percebi q a direção era do Wood Allen!!! só prestei atenção no elenco, confesso. não sou fã da Penelope, mas adoro o carinha lá q esqueci o nome, o mesmo de "onde os fracos não têm vez". até hoje fico pasma com aquela cabela dele no tal filme, mas, enfim, quero ver esse daí.
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