Powered By Blogger

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Back to Black (atrasado 1 dia)

Hoje é o Dia da Consciência Negra no Brasil. Feriado em São Paulo, dia normal em Brasília (pelo menos até o ano passado). A data é um desses feriados que os próprios Estados ou o DF têm autonomia para escolher. A Câmara Legislativa Distrital da capital estabeleceu há alguns anos o dia 30 de novembro como feriado, dedicado ao... Dia do Evangélico. Sem comentários. Coisa tipica da mentalidade provinciana brasiliense. Dia da Consciência Negra deveria ser feriado nacional.

Entrei em boas páginas na internet em que a data foi lembrada. De maneira geral, o debate sobre racismo no Brasil continua naquela velha discussão sobre se o racismo é social ou racial.

Minha experiência pessoal me permite afirmar que as duas formas de discrimação contra negros coexistem. Além de negros, os que também são pobres sofrem com a segregação social que a "elite branca" (desculpem, mas a expressão é boa mesmo) pratica. E são muitos os negros, que, apesar de terem boa condição social, várias vezes, e nas mais diversas situações (entrevistas de emprego, discussões corriqueiras na rua, piadas de cunho racista contadas "inocentemente" pelos próprios amigos), são expostos ao preconceito racial.

Não quero me alongar muito na questão. Graças a Deus já superei muitos traumas pelos quais todos nós, negros, passamos ao longo de nossas vidas, sejamos africanos do Zimbábue ou afro-alemães. Sou negra, sim, e tenho orgulho disso.

Apesar de toda a xenofobia existente na Europa, há aqui uma grande diversidade étnica em um espaço multicultural vibrante, que abarca as culturas excluídas, as „ minorias“ raciais, como ainda nos definem no Brasil, com um interesse e uma curiosidade que não temos nem mesmo por algumas de nossas raízes mais profundas, como a negra. E isso, é claro, pode não mudar a maneira de pensar de muitas pessoas com relação ao preconceito, mas demonstra que é possível, sim, viver em sociedades miscigenadas de uma maneira menos hipócrita, mais autêntica por valorizar todas as suas origens ou culturas "adotadas", sendo negro ou parte de qualquer outra "minoria", no Brasil.

Eu acredito, tristemente, que o racismo existe em todas as partes, e que seguramente é uma das pragas da nossa civilização. Mas há na Europa uma valorização, um respeito, e um olhar interessado pela diferença que não vemos com freqüência no Brasil, e que me faz refletir sobre a pouca importância dada por nós mesmos à influência negra em nossa cultura.

Que vivam os Zumbis da nossa história e todos aqueles que lutaram ou morreram por um mundo sem seres humanos tratados como minorias.

Nenhum comentário: